domingo, 2 de outubro de 2022

UM CORDEL DE A A Z


                    Um Cordel de A a Z*
                Apontares do Fazer
                     Lucarocas a Arte de Ser

Aquele que se interessa
Em ser um dia escritor
Tem que fazer da vontade
Um ato laborador
E reforçar sua crença
Na ação de ser leitor.
 
Bem antes de escrever,
Seja em qualquer produção,
Tem que estudar primeiro
Todo o assunto em questão
E escolher as palavras
Que vão para a redação.
 
Cordelista é uma vontade
De muitos que querem ser,
Mas só vontade não basta
Para um cordel escrever.
É preciso muito estudo
Pra muita coisa aprender.
 
Depende de cada um
Tudo o caminho a seguir.
É necessário leitura
Para um cordel construir
Senão o que se escreve
Não consegue evoluir.
 
E quem não se preparou
Pra um bom trabalho fazer
Escreve de qualquer jeito
Sem de o tema conhecer
E sai se autoafirmando
Que cordel sabe escrever.
 
Fazer um trabalho bom
Merece dedicação.
É preciso que o autor
Tenha mais que inspiração.
É necessário também
Que tenha transpiração.
 
Gostar de gente da roça,
Da nuance da cultura,
Gostar do cheiro da terra,
Das histórias de bravura...
Já é um grande começo
Pra fazer literatura.
  
Habilidade com as letras
Nem todo mundo já tem.
Por isso que aprendizado
É coisa que só faz bem.
E quem quiser escrever
Tem que aprender também.
 
Ignorar a humildade
Dando à soberba um tom
E se achando escritor
Somente por ter um dom
Pode matar um artista
Por ele não ser tão bom.
 
Jamais um bom cordelista
Se faz da noite pro dia.
É preciso experiência
Em tudo aquilo que cria,
Senão ele faz cordel
Sem arte e sem poesia.
 
Leitura então é a base
De todo um aprendizado.
Pra escrever sobre um tema
Tenha ele pesquisado,
Pois assim o seu trabalho
Fica bem elaborado.
 
Mas se fizer diferente
E escrever de qualquer jeito
Talvez sua produção
Fique cheia de defeito,
E aí como escritor
Você já perde o respeito.
 
Não negue a sua vontade,
Não fuja da sua sina.
Estude para aprender,
Aprenda com quem ensina...
Quem sabe ser cordelista
Você então se defina.
 
Observar toda regra
Da feitura de um cordel
É como ser escultor
Na escolha do cinzel.
É laborar os saberes
Para ser um menestrel.
 
Poeta pra ser poeta
É preciso trabalhar,
É preciso inspiração
Pra palavra burilar,
É necessário o suor
Para um verso elaborar.
 
Quem gosta de escrever
Pra se tornar escritor
É preciso se inspirar
Em quem é trabalhador
Que faz uso da palavra
No seu ofício e labor.
 
Rima, verso e oração
São saberes de um artista
Que faz uso da palavra
Pra pôr seu ponto de vista.
E se trabalhar direito
Pode ser bom cordelista.
 
Sendo assim quem quer fazer
Do escrever a sua arte
Precisa beber na fonte
Que todo saber reparte,
E fazer com maestria
E respeito a sua parte.
 
Todo aquele que produz
Qualquer mensagem que for
Deve então dá qualidade
No seu modo criador
Para que o seu trabalho
Lhe mostre como escritor.
 
Usando da consciência
E de toda honestidade
A pessoa que faz uso
De uma criatividade
Com muito trabalho e força
Cumprirá sua vontade.
 
Vontade de escrever,
De se tornar popular,
Será uma realidade
Se houver fé no sonhar,
Pois só colhemos na vida
Tudo aquilo que plantar.
  
Xingamento e mau humor
Nunca promovem ninguém.
Escreva o que escrever,
Faça sempre para o bem,
Pois todo bom escritor
Merece tudo que tem.
 
Zele também por seu nome,
Pois o nome é seu legado.
Procure fazer bem feito
O que lhe for confiado,
E faça da sua vida
Sempre grande aprendizado.
 
Fortaleza, 03 de Junho de 2015.

* Normalmente não escrevo em sextilha. Este é um cordel elaborado para fins didáticos, razão pela qual este tipo de estrofe foi escolhida.

Não foram incluídas as letras K, Y e W por não fazerem parte da linguagem comum do cordel.
 
Revisão textual: Moreira de Acopiara.

 

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